Caso Redes sociais - racismo e xenofobia

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// Autor: Programa Escolhas e Direitos Humanos − Centro de Investigação Interdisciplinar da Universidade do Minho

 

No dia 2 de janeiro de 2014 vários jovens do 12.º ano da Escola Secundária de Vila Verde foram convidados a participar numa sessão promovida pelo Programa Escolhas. Esta sessão tinha como objetivo a visualização de uma campanha de sensibilização para a Integração das Comunidades Ciganas. Foi pedido aos convidados que, através das redes sociais da Escola Secundária, dessem sugestões de ideias que considerassem boas para promover uma melhor integração das crianças e jovens ciganos nas escolas.

Um dos convidados, André, um jovem de 23 anos de idade, publicou no Facebook da Escola Secundária o seguinte: “não estou contra os ciganos, mas contra a maneira de ser deles... sei perfeitamente que eles nasceram para roubar quem trabalha”. Mais referiu o jovem que “alguém me aponte e me diga onde existe um cigano sério” e, ainda, que “se eu estivesse falar de Lisboa referia-me aos negros, que lá são muitos e toda gente sabe que roubam mais”.

Após ter terminado a sessão, a caminho de casa, Bernardo, um colega de André, que também participou na sessão, disse-lhe: “não devias ter escrito aquelas coisas pá… lá por a tua mãe ter sido assaltada por um cigano e por um preto, isso não significa que todos sejam assim… podiam ter sido dois brancos…” e ainda “imagina se o Zé cigano, o Pedro torrão e os outros tantos de quem tanto gostas viram as tuas palavras… devem ter ficado buéda tristes… Para além disso ouvi dizer que escrever essas coisas no Facebook é crime...”.

Nessa noite, o jovem entrevistado não conseguiu dormir só de pensar que poderia ser julgado em tribunal pelo que escreveu e que os seus amigos negros e ciganos que tivessem visto as suas publicações no Facebook tinham ficado ofendidos. Logo que acordou, marcou um encontro com todos eles e pediu-lhes desculpa pelo sucedido, dizendo-lhes que nada tinha contra eles nem contra pessoas de raça ou etnia diferente da sua, que o problema era apenas seu, que era ele que tinha de o resolver, mas que se devia a um incidente do passado que envolveu um assalto à sua mãe, levado a cabo por dois jovens, um cigano e o outro negro.

 

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